PADRÃO

 

 Padrão foi musicado por André Luiz OLiveira, juntamente com alguns dos outros poemas do livro Mensagem, de Fernando Pessoa. O CD Mensagem, da antiga Gravadora Eldorado, reúne os poemas que foram musicados, com interpretações memorávies de Elba Ramalho, Ney Matogroso, Gal Costa, Gilberto Gil, Elizeth Cardoso e outros,  resultando em uma obra magnífica. Assim, em situações ou dinâmicas de aprendizagem na empresa ou na escola, pode-se  optar por usar a música na interpretação de Caetano Veloso, disponível no CD.

Padrão fala da incompletude humana e da busca interminável que dela decorre. Por essa razão,  uma leitura ou a audição da música com o acompanhamento do texto do poema adequa-se muito bem para iniciar ou  finalizar a avaliação dos resultados de um projeto, por exemplo. O uso é especialmente recomendável quando o projeto foi desenvolvido com grande envolvimento e empenho da equipe executora. Mesmo que todos estejam muito satisfeitos com os resultados, não significa que o trabalho realizado foi perfeito. Padrão marca a conquista  e estimula a ir além. Prosseguir em busca do “porto sempre por achar“.

Por sua beleza excepcional e dificuldade do texto, Padrão pode ser também usado para exercícios de escutar com atenção. Após a devida preparação, incluindo uma breve discussão sobre como é difícil ouvir autenticamente, a música é posta para tocar e os participantes procuram ouvir a letra da canção. Depois de uma breve constação das dificuldades de cada um, recebem o texto do poema para que cada um possa avaliar o quanto conseguiu escutar.  Fora a surpresa da descoberta das dificuldades da audição, é comum o espanto dos participantes com a beleza de música e poesia.

PADRÃO

                                

 

O ESFORÇO é grande e o homem é pequeno.

Eu, Diogo Cão, navegador, deixei

Este padrão ao pé do areal moreno

E para adiante naveguei.

 

A alma é divina e a obra é imperfeita.

Este padrão sinala ao vento e aos céus

Que, da obra ousada, é minha a parte feita:

O por-fazer é só com Deus.

 

E ao imenso e possível oceano

Ensinam estas Quinas, que aqui vês,

Que o mar com fim será grego ou romano:

O mar sem fim é português.

 

E a cruz ao alto diz que o que me há na alma

E faz a febre em mim de navegar

Só encontrará de Deus na eterna calma

O porto sempre por achar.

 

 

Fernando Pessoa, Obra Poética, Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986, p. 79

 

Abaixo, o poema Padrão pode ser ouvido na música de André Luiz Oliveira e voz de Caetano Veloso.

Um exemplo do uso didático do poema é encontrável no texto Falar e Ouvir, publicado no blog Germinal – Educação e  Trabalho, da Germinal Consultoria, e parcialmente republicado na página Ouvir com PADRÃO.