Aquecimento com Neruda – Para ” A Sebastiana”

 Esta situação de aprendizagem é um excerto da oficina de Artes Mecânicas para caseiros. Esse programa foi elaborado pela Germinal Consultoria, em parceria com o Senac/ São Paulo.

 

 SESSÃO 6: Work Shop de Pisos, Tetos, Alvenaria e Pintura 

 

Objetivos: Tornar o caseiro apto a efetuar a manutenção preventiva e pequenos consertos em pisos, tetos e paredes dentro de sua esfera de competência. Avaliar o risco de uma intervenção indevida. Experimentar uma situação de planejamento e organização do trabalho. Atualizar e ampliar o manual do caseiro.

 

Atividade 11: Planejando, Organizando e Executando o Trabalho

Descrição: Os participantes serão confrontados com uma situação não estruturada de reparo e manutenção. A partir dos problemas relacionados no esboço de manual, o instrutor seleciona uma construção em que a maioria dos tipos de problemas relatados esteja presente. Não é necessário que sejam os mesmos, mas que exijam o mesmo tipo de intervenção (manutenção preventiva e pequenos consertos). Pode ser um prédio público carente de manutenção. Os participantes terão a sua disposição o local de intervenção, os equipamentos e os materiais necessários para o trabalho. Os próprios participantes devem organizar-se para planejar, executar e avaliar o trabalho.

 

Atividade 12.  Revendo o esboço de manual (paredes, tetos e pisos).

Descrição: em um painel final, antecedido por uma apresentação do poema Para “A Sebastiana” (Neruda) por pequenos grupos, a ação será discutida e possíveis dúvidas esclarecidas. Dar-se-á especial ênfase ao planejamento e à organização do trabalho. A Tabela Geral de Artes Mecânicas (segmento pisos, tetos e paredes) e a Tabela de Manutenção Preventiva de Pisos, Paredes e Tetos será revista e complementada. Para tanto, o instrutor poderá contar com uma cópia de cada tabela em transparência.

Texto de Apoio: Para “A Sebastiana” (Pablo Neruda)

Para “A Sebastiana”                                                                            

 

Eu construi a casa.                                                                                                                        Primeiramente fi-la  de ar.
Depois hasteei a bandeira 
e deixei-a pendurada
no firmamento, na estrela,
na claridade e na escuridão.                                                                                                       Cimento, ferro, vidro,
eram a fábula,
valiam mais que o trigo e como o ouro,
era preciso procurar e vender,
e assim um camião chegou:
desceram sacos e mais sacos,
a torre fincou-se na terra dura                                                                                                 – mas isto não basta, disse o construtor,
falta cimento, vidro, ferro, portas – ,
e nessa noite não dormi. 

Mas crescia,
cresciam as janelas
e com pouca coisa,
projetando, trabalhando,     
arremetendo-lhe com o joelho e o ombro
cresceria até ficar completada,
até poder olhar pela janela,
e parecia que com tanto saco
poderia ter teto e subir
e agarrar-se, por fim, à bandeira
que suspensa do céu agitava ainda as suas cores.

Dediquei-me às portas mais baratas,
às que morreram
e foram arrancadas das suas casas,
portas sem parede, rachadas,
amontoadas nas demolições,
portas já sem memória,
sem recordação de chave,                                                                                                         e disse: “Vinde
a mim, portas perdidas:
dar-vos-ei casa e parede
e mão que bate,
oscilareis de novo abrindo a alma,
velareis o sono de Matilde
com as vossas asas que voaram tanto.”

Então a pintura
chegou também lambendo as paredes,
vestiu-as de azul-celeste e cor-de-rosa
para que se pusessem a bailar.
Assim a torre baila,
cantam as escadas e as portas,
sobe a casa até tocar o mastro,
mas o dinheiro falta:                                                                                                            faltam pregos,
faltam aldrabas, fechaduras, mármore.
Contudo, a casa
vai subindo
e algo acontece, um latejo
circula nas suas artérias:
é talvez um serrote que navega
como um peixe na água dos sonhos
ou um martelo que pica
como um pérfido pica-pau
as tábuas do pinhal que pisaremos.

Algo acontece e a vida continua.

A casa cresce e fala,
aguenta-se nos pés,
tem roupa pendurada num andaime,
e como pelo mar a primavera
nadando como uma ninfa marinha
beija a areia de Valparaíso,

não se pense mais: esta é a casa:
tudo o que lhe falta será azul,
agora só precisa de florir.
E isso é trabalho da Primavera.

 

Neruda, Pablo, Plenos Poderes, Tradução de Luís Pignatelli, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1962, p.73.

 

 

Recursos necessários: Ambiente real de aplicação. Seis (6) Kits de ferramentas básicas de pedreiro e pintor. Eventuais peças e materiais de reposição e manutenção. Cópias do texto de apoio, da Tabela Geral de Artes Mecânicas (segmento paredes, tetos e pintura) e da Tabela de Manutenção Preventiva de Paredes, Tetos e Pintura para todos os participantes. As mesmas tabelas em transparências, para facilitar a revisão. Retroprojetor.

 

 

Duração: 3 horas

Publicado on junho 4, 2009 at 11:57 pm  Comments (2)  

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